domingo, 28 de janeiro de 2018

As grandes heresias nascem de grandes verdades



Corinto era uma cidade localizada no sul da Grécia, banhada pelo Mar Mediterrâneo de um lado e do outro o Mar Egeu. Era uma localização privilegiada. Uma faixa de 6 quilômetros entre os dois mares, o que favorecia a rota comercial, por isso era uma cidade muito rica. Seus habitantes gostavam de cultura, de ir para as praças ouvir a retórica das pessoas. E à noite, cultuavam os deuses. As mulheres cultuavam Afrodite, através da prostituição, à noite saíam do templo para adorá-la, através do sexo. Os homens, a Apolo, com o homossexualismo.

Paulo escreve dando razões para as pessoas não se misturarem com aquela cultura.
Tudo que ameaça a unidade da igreja deve ser tratado com muito rigor. Quando a unidade da igreja é ameaçada, o projeto de Deus é afrontado.

É na fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa. Para o judeu, maldito o que é morto no madeiro; para o grego, a mensagem da cruz era loucura, não tem sabedoria. Mas para o gentio (eu): a mensagem da cruz é salvação, a razão da vida, da minha existência.  

Todo aquele que prega precisa tomar uma decisão. Não podemos ir além da Cruz. Não podemos temperar o Evangelho para ser mais palatável. Não podemos deixar de pregar a verdade, por causa da popularidade. O mensageiro não é mais importante que a mensagem. Não conseguimos/precisamos ir além da cruz. A cruz é o sacrifício suficiente. Nós que fomos alcançados pelo Espírito Santo somos redimidos na cruz. A cruz de Cristo é o trono de Deus. É de lá que o Senhor governa.

Nada é maior que o sacrifício da cruz. O apoio da sua fé determina se ela é firme ou não. Se a sua fé está apoiada na mensagem da cruz, ela é inabalável. O mensageiro é passageiro, a mensagem é permanente.

Os coríntios se dividiam em duas vertentes quando se tratava de conhecimento. O empirismo: só se alcança o conhecimento através de experiências sensoriais (visão, audição, tato, paladar, olfato); a verdade ocorre a posteriori, experiências que comprovam. E o racionalismo: raciocínios lógicos organizados que levam a uma conclusão universal. Admitia o conhecimento a priori, mas queria entender o conhecimento através da razão.

Queriam conhecer Jesus, mas quando viam que ele foi crucificado e que havia ressurreição, achavam loucura. No entanto, buscando a sabedoria empírica, não se encontra a sabedoria de Deus. Também não adianta procurar Deus nos seus raciocínios. O conhecimento de Deus vem do Céu para a Terra, Ele se revela a nós. Os príncipes deste mundo não tiveram essa compreensão. Se tivessem não teriam crucificado Jesus.

Por isso, a teoria da origem do conhecimento é: o Espírito nos capacita a compreender o que Deus havia preparado e agora está acessível a nós.

A chave dessa compreensão é o Espírito Santo de Deus. Não se esforce para conhecer Deus. Através do Espírito, peça a compreensão da palavra de Deus. Não é pelo esforço, é pela vontade de Deus. Ele é a nossa sonda. O Espírito de Deus vai num lugar onde nós não podemos ir.

Infelizmente, as pessoas começaram a amar mais o conhecimento do que as pessoas. Não adianta ter conhecimento, se não houver amor. É só no amor, que a verdade do Evangelho se torna verdade na nossa vida. Sem amor, tudo se degenera. Sem amor, a oração se torna macumba; a vida abundante se torna mera existência.

Jesus não te chamou para existir. Ele quer te dar vida em abundância. Você recebe o Espírito Santo para conhecer o que já foi te dado, mas ainda não conheceu. O Espírito Santo além de revelar, traz luz e você enxerga. Ele vai nas profundezas do Pai. Deus te revela, conforme Ele quer revelar. O Pai é a fonte da redenção, Jesus é o mediador e o Espírito Santo é o aplicador.


Referência: 1 Co 2, 1-16

domingo, 21 de janeiro de 2018

Como tornar a cruz de Cristo significante?



A mensagem da cruz é muito mais grandiosa do que o nosso cérebro consegue expressar, entender. Se a cruz de Cristo não for significativa (houver transformação) não adianta cantar, pregar, oratória. Esse é o pior estágio que uma igreja pode chegar: perder o significado da mensagem da Cruz.

“Maldito o que morre no madeiro”. Para os judeus, a pessoa que morre no madeiro não poderia ser citada na genealogia. A história de vida poderia ser apagada, porque a vida dele não valia a pena ser vivida. A cruz é o aniquilamento da pessoa e da história que ela carrega.

A igreja de Corinto sofria influência dos gregos e dos romanos. Os gregos por sua sabedoria arrogante e deslumbre do conhecimento; os romanos pelo culto às celebridades, principalmente políticos. A igreja de Corinto coloca o secundário no lugar do essencial e vice-versa.

A igreja é um ensaio do Reino de Deus: comunhão, unidade, acolhida. Jesus mostra que não deve haver exclusões, mesmo por causa da “moral”. Jesus andou com gente pior que Ele. Ele transita com os diferentes, para acolher. Gostar de alguém, ter afinidade, não é problema. Mas a exclusividade sim. Fazer aquela pessoa ser a única certa. Se afunilarmos o pregador (pensar que para cultuar a Deus, eu preciso dele) isso prejudica o culto a Deus.

A sabedoria pertence a Deus. Tudo que existe, alguém lá atrás disse: haja. Deus tem prazer em dar sabedoria. Nascemos desorientados. Precisamos ser cuidados muito tempo para conseguir viver. A sabedoria pode nos dar mais orientações à nossa vida. É possível julgar a ação. Mas não devemos julgar a pessoa.

Nossa ingratidão é tão profunda que não percebemos as flores que Deus coloca no nosso caminho. A vida pode ser bonita a partir do horror da Cruz. Quando percebemos a mensagem da cruz, nossa vida é reduzida à nada. O Evangelho não permite que nós nos prendamos ao mundo.

Deus está operando uma grande missão para consertar as nossas perdas e frustrações. A vida é uma chamada constante à entrega. O que gera esperança e confiança em Deus é a obra da cruz e a esperança da ressurreição. Jesus não é um curandeiro. Ele é Salvador e Senhor! Avareza e ganância é um estado de ser, não é uma questão socioeconômica.

Deus gosta de gente que sofre, porque é deles que Deus levanta uma nova identidade.


Referência: 1 Co 1, 18-31

domingo, 14 de janeiro de 2018

Fazer o que importa, importar mais



Contexto histórico da carta de Coríntios: havia ostentação intelectual, material e de status pessoal. A igreja era formada majoritariamente por escravos, mas os escravos ficavam separados. Os livres se dividiam de acordo com quem concordavam (Paulo, Apolo e Pedro). Eles distorceram a base da mensagem. Tiraram Deus do centro e cultuavam as personalidades, de acordo com os valores de Corinto (se colocar a partir da opinião/pensamento de alguém).

Quem somos, por que somos e para quê nós vivemos é o que fala na carta de Coríntios. O cristianismo é a mensagem que vai nos trazer a comunhão. A igreja é lugar de transformação, por isso precisamos nos lembrar que somos uma congregação de pecadores. Os coríntios usavam os dons espirituais para ostentação, e não para o serviço. Essa carta ressalta que foi Deus quem deu.

O motivo dessa carta é estabelecer a comunhão verdadeira com Deus e com os outros. Deus nos chamou para a comunhão com Seu Filho. E no seu Filho, acontece a comunhão com os outros. Eles são ricos pelos dons da graça.

A salvação deve desembocar um novo estilo de vida: servir ao outro. Eles tinham enriquecido, mas esqueceram da graça. Quando as coisas estão boas demais, é possível esquecer quem nos colocou lá.

Somos tendenciosos a nos esquecer das coisas boas, dos valores, dos princípios. No momento de crise, as nossas emoções cegam as nossas razões. Quando for tratar de uma crise, comece pelas coisas boas. Elogie antes de descer a lenha. Isso abre o coração do outro para te ouvir. Reafirme os propósitos, os começos, as alianças. Paulo sabe brigar, porque ele briga por amor.

Deixaram de se reunir pela graça em nome de Jesus e passaram a se reunir em nome de uma personalidade. Os seguidores de Apolo: valorizavam a inteligência retórica (forma de falar); de Pedro: estavam brigando pelas mesas (o que come, o que não come, voltar ao AT); de Paulo: tinham ligação afetiva com a história (valoriza o linguajar) e os de Cristo: eram os jovens radicais (não me submeto a ninguém, sou de Jesus). Paulo afirma que os coríntios estão com muitos problemas porque removeram o Senhorio de Jesus. Até o batismo se torna ostentação. Paulo traz de volta o Senhorio de Jesus.

Na igreja, a autoridade é de Cristo e todos nós dependemos Dele. O nome de quem quer que apareça, é rival de Cristo. Infelizmente, somos iguais aos coríntios. Nossos parâmetros de sucesso estão equivocados. Sou eu que aplaudo, quando os ídolos aparecem.

As divisões e desuniões acontecem porque os olhos estão em algum lugar que não é Jesus Cristo. O que temos que recuperar é: o que eu faço não é para ter mais de Cristo, mas para Cristo ter mais de mim. O ponto que nos une é a cruz de Cristo. É ela quem tem que estar no centro da nossa vida. É o que restaura o que sou incapaz de fazer. A ceia é a forma de lembrar que a graça veio para o coletivo.

Precisamos nos arrepender. Trocamos a centralidade de Jesus, pela centralidade das personalidades. E aplaudimos. Jesus precisa ser o centro do nosso culto. O Evangelho não é para ser ostentado, é para ser pregado. Quando confiamos em nós mesmos, com base nessa sabedoria, terminamos com facções e idolatria.

Referência: 1 Co 1, 4-17